Antes de iniciar o artigo é importante que tenhamos em mente que a disciplina denominada Arquitetura de Informação não é algo novo, não está relacionada exclusivamente ao universo digital e principalmente não é apenas a geração de wireframes.
Com base nessa afirmação, vamos abordar de forma prática o papel dos Arquitetos de Informação dentro dos ambientes corporativos. Isso porque é muito comum vermos nas organizações profissionais híbridos, ou seja, aqueles que atuam em mais de uma disciplina ao mesmo tempo.
Tendo em vista que no Brasil o cargo de Arquiteto de Informação é algo relativamente novo (aproximadamente 8 anos) e que os cursos de formação de profissionais ainda estão testando as metodologias e disciplinas que farão parte da grade curricular. Isso porque essa é uma profissão que é formada pelas mais diferentes especialidades, como por exemplo, designers e bibliotecários. E estamos em um processo de análise dos benefícios da presença dessa etapa no desenvolvimento das soluções, bem como tentando demonstrar aos clientes que ao se planejar e testar com aquele que será o usuário final o resultado final é mais seguro no ponto de vista das expectativas.
As vantagens de adotar os processos de Arquitetura de Informação podem ser sentidas durante todo o ciclo de desenvolvimento de uma solução. Isso porque além de entender realmente o que o cliente deseja e poder propor melhores soluções para uma determinada necessidade, todos os envolvidos (arquitetos, designer, desenvolvedores, gerentes de projeto, clientes e usuários) conseguem ter a visão do todo.
Ao ter a visão completa do projeto, fica muito mais fácil e seguro levantar o escopo do projeto, o esforço de cada uma das disciplinas, fazendo com que tanto o cliente quanto o fornecedor tenham uma visão clara da solução.
Claro que isso não significa que o projeto está engessado, afinal ao longo do desenvolvimento podem ser levantadas novas necessidades, surgimento de questões técnicas e reavaliação por parte dos envolvidos com a finalidade de melhorar a experiência do usuário (UX User Experience).
Um dos principais equívocos por parte das organizações está em atrelar o trabalho do Arquiteto de Informação apenas a entrega dos wireframes (protótipos estáticos ou navegáveis), afinal esse tipo de documentação é apenas uma representação física que servirá de apoio para que os conceitos construídos sejam transformados em algo mais tangível e permita um melhor entendimento de todos os envolvidos.
O papel do Arquiteto de Informação é principalmente entender e garantir que as funcionalidades principais não sejam prejudicadas por fatores externos. Ou seja, é importante termos em mente que principalmente em produtos virtuais, onde o custo de produção é completamente diferente de um item físico e as possibilidades de mudanças e implementação de novos recursos são vistos como algo extremamente simples e sem impactos, manter o foco naquilo que é importante para o usuário é fundamental.
Sabemos que é complicado manter um profissional alocado tempo integral em um projeto, contudo devemos lembrar que a melhor forma de garantir a manutenção da estratégia que foi concebida é permitindo que a comunicação entre os membros da equipe e o Arquiteto de Informação possibilitando uma visão filtrada das necessidades apresentadas pelo cliente e permitindo uma comunicação fluída.
Outra estratégia que algumas empresas adotam é de colocar um profissional que faz a ponte entre o cliente e o Arquiteto de Informação. Isso pode gerar algum ruído na comunicação e posteriormente problemas no entendimento das reais necessidades do cliente e principalmente daqueles que serão os reais usuários da solução. Por isso recomendamos que haja um processo de imersão do Arquiteto dentro do cliente para que ele possa vivenciar a cultura daquela organização e assim entender os problemas e os tipos de recursos que são de conhecimento geral dos usuários.
Ao conhecer a cultura da organização e o perfil dos usuários, o processo de construção do conceito que será adotado se torna mais ágil e assertivo.
Agora que conhecemos um pouco do papel do Arquiteto de Informação trataremos nos próximos posts sobre os dois programas de prototipagem mais utilizados na atualidade .
Leonardo, você acha que podemos fazer comparações do papel Arquiteto de Informação com Analista de Sistemas?
Bom dia Rodrigo Facholi,
Podemos fazer comparações entre esses dois profissionais, pois de uma certa forma todos os membros envolvidos na construção de uma solução atuam complementando com seus conhecimentos específicos.
Mas um ponto que difere é o foco de cada um, pois o Analista de Sistemas está mais preocupado com as estruturas, integrações, escalabilidade, etc. Enquanto o Arquiteto de Informação tem foco no usuário, no processo de facilitar o uso da interface e na “encontrabilidade” da informação.
Eu ainda gosto de pensar que para os aplicativos o papel mais exigido é de Designer de Interação.
Nos portais a importância do papel de Arquiteto de Informação é maior. Existe muito mais informações num portal de conteúdo do que numa aplicação como um editor de texto e planilha eletrônica por exemplo. Nestes últimos, você constrói algo e não apenas consome informação e, portanto, uma ênfase maior deve estar na interação do usuário com a User Interface do aplicativo que lhe permite construir este algo.
Observe que estou falando de papeis, não de pessoas. A pessoa pode muito bem ora exercer o papel de Arquiteto de Informação, ora de Designer de Interação. A vantagem de separar estes conceitos é que, uma vez compreendidos, isto pode permitir focar na coisa certa num dado momento do processo: ora seu foco deve estar na arquitetura das informações, ora no Design das Interações. E dependendo da natureza do que está sendo construído um papel deve ter mais peso do que o outro.