Técnico

Psicologia do UX Design – 2

Continuando ao post anterior sobre a Psicologia do UX Design.

Estou escrevendo sobre esse tema porque como disse anteriormente, tenho feito pesquisas sobre o assunto. Algo que tem me chamado bastante a atenção é o fato do Redesign. Não o redesign que deve ser feito quando pegamos uma arte de outro designer, ou mesmo, aquele tipo de redesign para melhorias. Mas recentemente tive que fazer um redesign de um layout que eu mesmo criei, tanto porque mudou a tecnologia utilizada no projeto, ou mesmo porque melhorar sempre é possível.
Refletindo sobre isso pensei muito nas metáforas, pois da primeira vez apenas resolvi utilizar cores, e me limitei a algumas dessas premissas tradicionais do design, já na segunda proposta, do redesign, resolvi utilizar a idéia de metal, não aquele metal aço escovado, mas apenas a metáfora do metal, um cinza escuro, texturizado.
Ainda não vou poder divulgar tal layout, o projeto está em andamento, mas quando liberado farei comentários sobre o mesmo e o que me motivou a criá-lo.

Tais temas são sempre discutidos com frequência, mas acredito que somente aqueles que estão envolvidos diretamente com essa área, trabalhando, criando, desenvolvendo dia a dia novas User Interfaces é que são capazes de entender a importância disso, a Psicologia do UX Design.

Seguem os tópicos.

Atenção

  • A autora do post cita pontos interessantes a respeito da atração que o usuário sente em a determinadas áreas da UI, e isso se refere basicamente a atenção que ele dá a certas áreas.
  • Segundo a mesma, as pessoas estão aptas a reparar em algo que é novo, se temos então uma UI tradicional e nela algo se destaca, é porque esse algo é diferente do seu contexto geral. Eu particularmente concordo, ainda que, existem ressalvas, você pode conseguir a atenção do usuário utilizando vários outros recursos, como cores, e claro, as metáforas, falarei disso mais a frente em um post específico.
  • De fato os usuários perdem a concentração facilmente, ter a atenção do usuário é de suma importância para um bom desempenho da UI, e quando falamos da atenção é aquela atenção no foco correto, de nada adianta termos uma boa atenção do usuário se está está por exemplo apenas na admiração da beleza do layout, e infelizmente não se teve o foco no local adequado da informação que se quer passar. Portanto, é imprescindível criar layouts inteligentes, não se trata apenas da beleza em si, mas de algo que pode ser belo o suficiente para ser invisível.

 

Usuários buscam informações

  • Aqui vai um comentário interessante a respeito do desejo dos usuários sobre informações. A dopamina, pela primeira vez vi alguém citar a mesma em um artigo de UX Design, e fiquei feliz, pois sou outro que entende que o nível de satisfação está intimamente ligado a dopamina, ou seja, aquilo que o usuário busca e encontra.
  • Em minhas palestras sobre User Experience sempre cito que há dois pontos importantes a serem respeitados ao se criar UI, é a curva de aprendizado e a curva de satisfação. O primeiro é fácil, sabemos que Interfaces complexas geram uma demora maior de aprendizado e consequentemente é má avaliada pelo usuário, mas também existe a curva de satisfação, que se não atingida leva a frustração por parte do usuário. Exemplo disso está também na informação encontrada. Se temos uma app que tem por fim organizar conteúdo, o que deve ser facilitado ao usuário é que esses conteúdos sejam encontrados, que tais informações estejam bem organizadas.
  • Mas também, há o vício tradicional pela informação, há indivíduos que acreditam que quanto mais informação mais inteligentes se tornam, e por consequencia disso acaba a informação estando intimamente ligada a dopamina, ao nível de satisfação do usuário.
  • Baseado nesses preceitos, nem precisa ser muito inteligente para imaginar que uma aplicação sem os devidos feedbacks corretos causam uma enorme frustração ao usuário. Ou seja, em algum momento a informação do que deve ser feito se perde, ou então o usuário erra algum passo e não é instruído de como corrigir o problema. Tudo isso pode gerar uma frustração enorme, e então levar ao mesmo a abandonar a operação.

 

Processamento Inconsciente

  • A maior parte do processamento mental ocorre inconscientemente.
  • Conhecer isso é extremamente importante, já é muito utilizado pelos sites que tem contas pagas o uso da conta freemium, ou conta gratuita, uma conta que possui apenas algumas opções para que o usuário desfrute do benefícios do site ou aplicação. Oferecendo essa conta é muito provável que posteriormente boa parte dos usuários passe a uma conta premium, onde pagará para isso.
  • O velho cérebro faz ou pelo menos tem entrada para a maioria de nossas decisões. O velho cérebro se preocupa com a sobrevivência e propagação: comida, sexo e perigo. É por isso que essas três mensagens pode agarrar e muito a nossa atenção.
  • O emocional do cérebro é afetado principalmente por imagens, especialmente imagens de pessoas, bem como por histórias. E o cérebro emocional tem um impacto enorme em nossas decisões.
  • Geralmente acreditamos que a maior parte de nossas ações são feitas utilizando a razão, mas na verdade somos sempre levados a agir muito mais pelas nossas emoções, e ainda que a razão diga o contrário a emoção é muito mais forte. Entendendo isso podemos utilizar tais emoções para guiar o usuário pelo caminho que desejamos que ele passe.

 

As pessoas possuem modelos mentais

  • Todas as pessoas possuem modelos mentais de tarefas que fazem no seu cotidiano, se falarmos como uma pessoa paga suas contas, ela já possui o seu modelo mental de tais ações, que seja indo até o banco, quer seja através da internet, quando, como, onde, etc.
  • Recentemente inclusive li um livro que citava até mesmo sobre modelos mentais financeiros, ou seja, a maneira como cada um enxerga e lida com o dinheiro, tais modelos são nos ensinado ainda quando crianças, baseado nisso entende-se que temos modelos mentais para praticamente todas as coisas que fazemos, logo, não é diferente na hora de utilizarmos uma Interface, daí o motivo de educar culturalmente um usuário sobre um determinado device. A Apple vem fazendo isso a anos, e ela utiliza inclusive suas propagandas para mostrar previamente como funciona seus produtos, bem, ela procura criar ao seu público um modelo mental de como tais produtos devem ser utilizados por eles.
  • Portanto a maneira mais eficaz de ter sucesso com seus usuários é entender os seus modelos mentais, aquilo que chamo de cultura do usuário. Costumo explicar isso da seguinte forma, se você disser a um Designer a palavra maçã e perguntar o que vem e a mente, ele certamente dirá: Apple, mas… se fizer a mesma pergunta a um cientista ele dirá: Isaac Newton, e ainda, se fizer a mesma pergunta a um religioso virá a metáfora de Adão e Eva. Certa vez em uma entrevista fiz tal pergunta a candidata me respondeu: “Branca de Neve”. Ora, muitas pessoa entendem que cultura pode ser separada por região, etnia etc, etc, mas na realidade cultura tem muito a ver com idade, classe social, meio onde a pessoa vive, estilo de vida etc. É muito mais amplo, portanto não é fácil determinar a cultura do seu usuário e entender o seu modelo mental, para isso é importante você fazer pesquisas sobre similaridades de outras apps, usabilidades já acostumadas por seus usuários.  É claro que, estou sendo simplista nesse ponto, o importante é entender a essência.

 

Padrões Visuais

  • Para finalizar  a idéia da Psicologia do UX Design vamos citar os padrões visuais.
  • Se as páginas são desordenadas, bagunçadas e não ajudam ao usuário encontrar suas informações, agrupar as informações por gênero poderá melhorar muito o desempenho. Evidente, daí o nome que se dá a matéria Arquitetura da Informação. Agrupamentos de informação facilitam para onde o usuário deve olhar.
  • Torne as fontes grandes o suficiente para dar leitura, não utilize fontes esquisitas, exceto se o seu objetivo for realmente chamar a atenção com elas, o ideal é que entenda o seu público e utilize fontes de acordo. A exemplo disso é analisar um grupo de usuários para uma intranet onde sua maioria é de pessoas acima dos 40/50 anos, que já possuem alguma dificuldade para entender interfaces e que dirá para dar importância a letras pequenas.
  • Pesquisas mostram que as pessoas usam a visão periférica para obter a “essência” do que estão olhando.
  • As cores opostas mais difíceis de se ter leitura quando juntas são o vermelho com o azul. E para completar, nunca utilize amarelo para escrita, prejudica e muito a leitura.
  • As cores podem ser usadas para mostrar se algumas informações estão associadas. Mas certifique-se de usar uma outra maneira de mostrar a mesma informação, pois algumas pessoas são daltônicas.

 

 

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Eduardo Horvath é UX Specialist e Designer na redspark.
Formado pela Faculdade Impacta de Tecnologia no curso Design de Mídia Digital ele atua na área de Design há mais de 15 anos.
@eduardohorvath

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